Catequizar é fazer ecoar a Palavra de Deus, é ressoar a Boa Nova. A ação de catequizar tem como sujeito a pessoa do catequista, que de certa forma é um mestre que aprendeu com o sumo mestre, Jesus Cristo, a infinita riqueza que é o Reino de Deus. Assim, é um mistagogo que conduz os iniciados a mergulharem nos mistérios de Deus.

O nosso primeiro catequista foi uma pessoa que, na sua grande maioria, é lembrado por todos nós como aquele que acima de tudo ensinava através do seu testemunho de vida. Consequentemente, o catequista é alguém que é chamado a conhecer Jesus Cristo e a difundir com amor a mensagem da Salvação, principalmente em seu modo de ser e viver.

Deus escolheu entre tantas mulheres Maria, uma jovem virgem da cidade de Nazaré, para ser o canal da encarnação do Verbo. Inácio de Antioquia afirmou em seus escritos que a virgindade da Escolhida é a forma pela qual Maria passou a pertencer a Cristo. Sendo assim, a vista disso, Maria apresenta aqui a primeira virtude do catequista que é dizer sim ao chamado do Senhor.

O chamado de Deus e o “sim” de Maria inicia o cumprimento da Palavra (Lc 1,26-38). Cristo foi gerado em seu ventre “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Através da carne verdadeira ao Divino e por meio desta foi possível realizar o Mistério da Fé; paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, este abriu as portas da Vida Eterna para nós simples mortais. Portanto, cumpre-se aqui outro requisito para ser catequista que é gerar a Palavra em nosso interior e sair em missão para o exterior.

A principal tarefa do catequista é ser missionário, levar com alegria a Boa Nova do Evangelho. A resposta ao chamado é sair em missão. Aquela que gerou Jesus foi a primeira missionaria, o primeiro sacrário, que ao ser concebida pelo Espirito Santo imediatamente saiu para ajudar sua prima Isabel (Lc1,39-56), aqui destaca-se a humildade de Maria em pôr-se a serviço na casa daquela que estava gerando em seu ventre o último profeta, João Batista. A escolhida de Deus para trazer ao mundo o Novo Adão  pelas maravilhas que o Pai realizou nela, no mundo e no seu povo através do cântico do Magnificat, “Olhou para a humildade de sua serva…” (Lc 1,46-55).

A dedicação e persistência do catequista é um atributo necessário, já que o caminho nem sempre é reto. O catequista enfrenta muitas vezes dificuldades, mas convicto e guiado pelo Espirito Santo cumpre a sua caminhada. Maria enfrentou muitas dificuldades como mãe do Salvador, o nascimento de Jesus foi um momento de muitas tribulações. A viagem de Nazaré até Belém foi longa e sem conforto, o frio, a distância de mais de 100 Km no período final de gestação e a falta de um lugar para acomodá-los (Jo 1,11; Lc 2,7) foram obstáculos vencidos por Maria e José. O catequista nunca age só, ele está sempre em comunhão com Deus, com os outros catequistas, o clero e principalmente com toda a Igreja. Foi na pobreza que nasceu o Filho de Deus, contudo, cercado pelo aconchego da natureza, repleto do carinho e amor de José e Maria. Foi ela que o envolveu em panos e o recostou numa manjedoura (Lc, 2,1-20). O amor é o combustível de todo catequista.

O catequista não só evangeliza, mas se alimenta acima de tudo com a oração, a Palavra e a Eucaristia. Maria, junto com José, cumpre a Lei do Senhor levando o Menino Jesus ao templo em Jerusalém e oferecendo um sacrifício. (Lc 2,22-35). Nesta passagem, Maria mostra outras características como a fidelidade a Lei de Deus, participação nas celebrações (Missa) e a doação da oferta que hoje é representada através da devolução do dízimo.

Maria não só cumpre a vontade do Pai, mas ensinou tudo o que sabia para seu filho. Fato apresentado na atualidade pelo Padre Zezinho através da música “Maria de Nazaré”. Maria orientou e orienta todos nós a cumprirmos a vontade de Deus.

O catequista não se acomoda quando um catequizando mostra-se afastado de Deus, ele coloca-se em atitude de busca daqueles que se afastam do amor do Pai. Maria junto com José preocupou-se com o afastamento de Jesus e buscou o incansavelmente até encontrar no Templo, junto aos doutores, Aquele que foi confiado a ela (Lc 2,41-52).

 Ela é a mediadora da fé (Jo 2,1-12), sua atenção as necessidades dos outros é outro traço do catequista, prova disso é a passagem das Bodas em Caná da Galiléia, onde é citada como alguém que faz uso dos verbo ser e estar no casamento, já Jesus é apresentado como convidado. Como cumprimento de sua resposta ao Anjo enviado por Deus, “ eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38), está sempre atenta às necessidades alheias. A Serva do Senhor não só identificou que o vinho do casamento tinha acabado, vinho que simboliza o amor, mas buscou a solução intercedendo junto a Jesus pela resolução do problema. Este momento afirma que o discipulado de Maria está ligado com o momento da inauguração da vida pública de Jesus no evento da transformação da água em vinho, ou seja, trazer o amor que falta aos filhos adotivos de Deus.

A carne e o sangue de Maria foram imprescindíveis para a Encarnação, tanto quanto para a Paixão e Morte de Jesus Cristo. A Escolhida de Deus é colaboradora na ação redentora do nosso Salvador, Jesus Cristo. Ser catequista e doar-se para que a redenção do homem aconteça.

A Igreja nasce em vários momentos, mas sua manifestação acontece em Pentecostes. No cenáculo encontrava-se perseverantes na oração alguns discípulos, entre eles os apóstolos, algumas mulheres e Maria (At 1,13-14) apoiando a todos. A missão da Igreja é anunciar o Evangelho e testemunhar o Reino de Deus, ser discípulo fiel como Maria mostra ser. (DA1).

O emérito Papa Bento XVI nos exortou em Aparecida que “Maria Santíssima, a Virgem pura e sem mancha, é para nós escola de fé, destinada a nos conduzir e a nos fortalecer no caminho que conduz ao encontro com o Criador do Céu e da Terra. […] permaneçam na escola de Maria. Inspirem-se em seus ensinamentos. Procurem acolher e guardar dentro do coração as luzes que ela, por mandato divino, envia a vocês a partir do alto sejamos obedientes e acolhamos a Virgem Maria como nossa mestra, ouçamos a sua voz e inspiremo-nos em seus exemplos, para sermos bons discípulos missionários de Jesus Cristo. ” (DA 269-270).

Sendo assim, dentre muitas citações de documentos e do Santo Livro, foi escolhido aqui alguns que comprovam que Maria foi e é a Primeira Catequista.

 Que os catequistas busquem em Maria de Nazaré, a concebida pelo Espirito Santo, a Mãe Deus e da Igreja inspiração e motivação  para o cumprimento da missão de fazer ecoar a Palavra de Deus.

Leila da Silva Andreani