Sempre fiel ao compromisso da transmissão da fé recebida, a Igreja buscou dar respostas pastorais aos inúmeros desafios que surgiram ao longo da sua história. A iniciação à vida cristã é um dos temas que faz parte do eixo das atuais prioridades missionárias da Igreja. Percebe-se, nesse caminho da Igreja, os esforços para rever o processo de iniciar a fé, em meio a uma sociedade que não mais garante a adesão à religião.

Nesse caminhar da Igreja, o Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) incitou à busca de novos caminhos para a transmissão da fé em nosso tempo. Deu um novo impulso à pastoral, levando-a a buscar os novos sinais dos tempos e escutar o Espírito que está em ação no mundo. Foi no Vaticano II que houve a recomendação oficial da restauração adaptada do Catecumenato  (Sacrosanctum Concilium, n. 64-65) e a apresentação dos seus traços característicos (Ad Gentes, n. 14). Também determinou a elaboração de um diretório de formação catequética (Christus Dominus, n. 44).

No processo de renovação a partir do Vaticano II, vários sínodos trataram de temas importantes, tais como: a evangelização, a catequese, a família, a Palavra de Deus, a Eucaristia, a vocação e missão dos leigos e leigas. Em todos esses temas a Igreja tem procurado promover o encontro pessoal com a pessoa de Jesus Cristo e o acompanhamento formativo desses novos discípulos missionários.

No Brasil, o documento que é o referencial para toda essa renovação  é  “Catequese Renovada” (CR), aprovado na 21ª Assembleia Geral da CNBB, de 21 de abril de 1983, que valoriza a comunidade eclesial como lugar da iniciação da fé. A Bíblia tem lugar central, a catequese assume uma dimensão cristocêntrica; existe uma busca da recuperação da interação fé/vida. Outros textos também têm auxiliado para que seja assumida a inspiração catecumenal como eixo condutor de toda a ação evangelizadora, pastoral, litúrgica e missionária das dioceses, paróquias e comunidades eclesiais. Busca-se, assim, uma autêntica iniciação, um encontro com o Senhor, na vida em sociedade, na fraternidade cristã, na participação da liturgia e na missão eclesial.

Assim, como esclarece João Fernandes Reinert (Paulus, 2017, p. 20), “nesse rico movimento de aggiornamento da iniciação à vida cristã, significado único tem a redescoberta do catecumenato, entendido como a grande inspiração para toda a catequese, como a pedagogia mais adequada e a que melhor responde aos desafios do mundo pós-cristão. O catecumenato é, hoje, sem dúvida, modelo e inspiração para todas as formas de catequese”.

Maria Helena Paiva Negrão de Souza