Nesse terceiro e último texto desse capítulo sobre o processo de iniciação cristã ao longo da história, percebe-se que por causa do período chamado de Cristandade, entre os séculos V e VI, a iniciação à vida cristã vai perdendo sua força. Ou seja, devido às circunstâncias políticas do Império Romano que afetou alguns aspectos do cristianismo, e um deles foi o catecumenato, que acabou sendo colocado de lado.

Constantino autorizou a liberdade a todas as religiões e direitos iguais entre elas, mas, em respeito à sua mãe Helena, favorece o Cristianismo. Porém, acaba desencadeando uma crise ao catecumenato, pois o povo em grande quantidade pedia o Batismo, e como as exigências catecumenais eram a longo prazo, não conseguiam atender a todos.

Acontecia dessa forma, a adesão ao Cristianismo de forma superficial, por costume ou obrigação. Houve o Batismo daqueles que tinham mais interesse político do que verdadeira conversão, e muitos adiaram o Batismo por tempo indefinido, optando por recebê-lo na hora de sua morte.

Outro fator que colaborou nesse período obscuro para a iniciação cristã, foi a cisão entre catequese e liturgia. Pois enquanto uma se ritualizou a outra se esvaziou, perdendo seu valor e seu sentido originário. E assim a iniciação cristã se perdeu no tempo e na história.  

A catequese durante muitos séculos ficou limitada apenas às crianças, em função da Primeira Eucaristia e da Crisma. Ela pressupunha a fé, automaticamente recebida no Batismo nos primeiros dias após o nascimento.

Seguiu-se um grande período de anonimato da iniciação cristã. Somente em 1965, com o Vaticano II e principalmente com a renovação catequética, a iniciação cristã retomou força, e o catecumenato foi reproposto como forma própria para a formação cristã de adultos.

Em 1972, houve a publicação do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), e o Diretório Geral da Catequese em 1997, dando ênfase à iniciação cristã, sendo vértice e centro da dimensão catecumenal e iniciática da própria catequese. Com estes impulsos, revalorizaram-se os elementos dos princípios fundantes da iniciação cristã do período da Igreja Antiga.

Apesar de todas as conquistas catequéticas realizadas nestes últimos cinquenta anos, ainda são muitas as dificuldades encontradas para transmitir a fé e iniciar à vida cristã. Porém, a Igreja está resgatando a iniciação à vida cristã na esperança de ter novamente através da verdadeira adesão à Mensagem Revelada, propondo um itinerário mais celebrativo, com isso mais participação na vida Litúrgica e a vivência em comunidade.

Márcia Luciene Goretti Tresse